sábado, 20 de agosto de 2011

A noite escura da alma





“Na noite profunda e escura da alma são sempre três horas da madrugada.” Ouvi essa frase sendo creditada ao religioso e místico espanhol San Juan de la Cruz (1542-1591), e também citada por F. Scott Fitzgerald em um de seus livros. Ficou gravada dentro de mim e, nos dias subseqüentes, reverberava em meus ouvidos. O que, afinal, quer dizer?

Primeiro, pensei: “de fato, quando estamos na pior, parece que a noite nunca vai acabar. E três horas da manhã é o meio da noite.” Mas depois concluí: “Epa! O meio da noite é meia-noite e não três da manhã.” Então compreendi: às três horas falta pouco para o dia raiar. O mundo parece estar no fim, tudo parece estar perdido, mas com um pouco de paciência e persistência, veremos a luz do sol.

Ontem, me peguei citando San Juan de la Cruz para um amigo que me ligou raivoso, dizendo que iria parar a análise porque não está adiantando nada, que a mulher que ele ama não que vai voltar etc, etc, etc. Falei: “Calma, espera o dia de hoje passar, dorme e acorda, amanhã você pensa nisso de novamente, de uma outra maneira.” Ele desligou mais tranqüilo.

À noite, alugamos um clássico do cinema em DVD, Uma aventura na África (1951), com Humphrey Bogart e Catherine Hepburn. Lá pelas tantas, o barco em que navegam encalha em um pântano. Ele fica doente, ela reza a Deus encomendando a alma deles ao paraíso. Dormem. Chove. O volume do rio aumenta e a câmera se distancia, mostrando que eles estão a poucos metros de um imenso lago.

Na noite profunda e escura da alma são sempre três horas da madrugada. Logo irá amanhecer.




http://pausadotempo.blogspot.com por Valéria Martins

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