sábado, 14 de abril de 2012

BIDI - 08-04-2012 - PARTE 2 - AUTRES DIMENSIONS


Questão: O que é que trava, para passar simplesmente do Si ao Absoluto?

O Si ele mesmo.

O que é que pode travar, se não for o Si ou o ego, eles mesmos?

O ego não pode conhecer o Desconhecido.
Ele não pode vivê-lo, ele não pode conceitualizá-lo, ele não pode percebê-lo, ele não pode considerá-lo.

Quanto ao Si, ele é uma contemplação.
E esse estado de contemplação foi muitas vezes vivido como uma finalidade, como uma realização.

Conceber o Si como uma realização e uma finalidade, é o freio.
A resistência ao Último não é, definitivamente, senão isso.
E isso é, bem evidentemente, subentendido pelo medo: medo do Desconhecido, medo do que não existe, para aquele que está no finito e na experiência do Si.
Este medo não pode ser combatido e, na maioria das vezes, ele não pode mesmo ser visto, nem integrado.

Não há, num ato de redenção total, de capitulação total, senão a transcendência que ocorre.

O fato de não existir uma ponte, de um estado ao Último, é certamente o elemento mais traumatizante, e o mais insatisfatório, para o ego como para o Si.

O paradoxo do ego e do Si, estando limitados e efêmeros, é o de se considerarem, ambos, como eternos.

Há uma busca de permanência, busca de Eternidade, que não poderá, certamente, jamais conduzir ao seio do eu, como ao seio do Si.

O Absoluto e o Último não podem coexistir, de maneira nenhuma, com isso, já que isso é a própria negação do Absoluto.

É preciso, de qualquer maneira, reconsiderar e recolocar o ego, ele mesmo, ou o Si, ele mesmo, naquilo que eles são, e naquilo que eles nunca serão.
Este exercício não é uma prática (nem mental, nem espiritual), mas antes uma evidência que é preciso esclarecer, de maneira lógica e total.

Eu o repito também, para esta questão: Nada do que te é conhecido, ou reconhecível, te conduzirá ao Absoluto, nem te elevará ao Absoluto.

A aceitação, para o ego ou o Si, do vazio, do desaparecimento, é um pré-requisito indispensável à Onda da Vida, testemunha do Absoluto.

Há, portanto, um conjunto de procedimentos, situados no finito, que consistem, justamente, em ver o que é finito, e terminal.
A fim de não aderir a isso, de maneira nenhuma, de não dar peso ao que já é pesado, de não o alimentar de qualquer maneira.

O mais frequente, por esta forma de pesquisa extremamente lógica (onde vocês definem, por vocês mesmos, o que vos é reconhecível ou o que vos é conhecido), esta pesquisa vos conduzirá, necessariamente e muito logicamente, ao ponto de basculamento.
E, portanto, o Absoluto se revelará a vocês.

Certamente, isso não se vai passar sem algumas manifestações de cólera, de tristeza, de alegria, de perturbações (Interiores ou exteriores) mas reconheçam que o que se manifesta, neste momento, é também limitado e conhecido.

Lembrem-se (e lembra-te) que não há objetivo, que não há mesmo caminho.
Há somente a Verdade, nua, sem suporte, sem aperto, sem outra coisa que não ela mesma: a Verdade, incondicionada, incondicionante.

O Absoluto (do ponto de vista da imagem que pode dar o ego ou o Si) é Amor e Luz, e Vibração. Amor, Luz e Vibração, são o que aparece no seio do ego, implantando o Si.
Mas tudo isto se tornará supérfluo, mesmo se for vivido, e deverá ser considerado como tal.
Mesmo os processos mais violentos da Consciência, ela mesma (como o despertar do Canal do Éter ou Kundalini), em definitivo e em Último, não representam senão um espetáculo, senão uma representação, senão uma ilusão mais.

Resta-vos ainda encontrar, encontrarem-se, no não-ser, na não-consciência, naquilo que vocês podem denominar, do ponto de vista do ego: o vazio, que se revelará Absoluto e Último.
Mas não há nenhum caminho, nenhum objetivo.
Apenas o Si crê nisso, apenas o Si estruturou um certo número de ensinamentos.

O Absoluto não conhece nenhum ensinamento, nenhum confinamento, nenhum limite e nenhuma possibilidade de estrutura.

Mesmo a forma desse corpo é vivida por aquilo que ele é: uma ilusão efêmera e, no entanto, aceite.
Mas vista tal como ela é.

A Liberdade não tem preço e não é um preço.
A Liberdade também não é um estado.
O Absoluto é a única Liberdade, além de um estado, além de uma etapa.

Examinem tudo o que é limitador, tudo o que é condição.
Examinem tudo o que é relação, e mesmo comunicação.
Examinem o que vocês denominam Amor e Luz, do lado da personalidade ou do Si, e recusem tudo isso.
O Absoluto não está aí.

Mas o Amor e a Luz são, certamente e bem evidentemente, a tradução do Absoluto, aqui e em qualquer lugar, mas não o Amor e a Luz vistos através da personalidade, ou vistos através do Si, mas antes, na Essência e na própria natureza do que É o Absoluto.

Não há nada a compreender, não há nada a apreender, nada que possa permanecer, porque, por essência, é efêmero.

Saiam de toda ideia, de toda bagagem espiritual, deixem-nas onde estão: no Si ou na personalidade.

Vocês têm que Ser o não ser, somente isso.
Nesse momento, nesse instante, o basculamento se fará, sem nenhuma participação da vossa parte.
Porque é o tempo.

Questão: Eu tenho consciência que o mental mantém o ego em perfusão, e quando este mental se retira, é o sono que se instala ou um estado de semi-consciência. O Casamento Místico é facilitado por este estado de sono?
Sim.

Desde o instante em que ele te parece mergulhar ou partir no que tu denominas sono, tu nunca estiveste tão próximo do Absoluto.
Porque o sono é, de qualquer maneira, no limitado, o desaparecimento do mundo e o desaparecimento do consciente.
Mas um sono onde não existirá mais o sonho.

O sono é, portanto, a manifestação, no seio do limitado, de uma forma próxima do sem forma do Absoluto.

Tudo o que abranda o mental, tudo o que não luta contra ele, mas o faz ver a sua própria presunção, é útil.
Mas não façam disso uma finalidade.

A meditação é apenas destinada a ser o observador do vosso próprio mental, vos fazendo ter uma forma de distância em relação a ele.
Isso, evidentemente, não chega ao Absoluto, mas poderia fazer parte das condições prévias para que o Absoluto se revele em vocês.

Se o mental desaparece, sem sono, totalmente e inteiramente, então, a Onda da Vida nasce.

O medo, as dúvidas, que estão inscritas no complexo emocional e mental, se manifestarão mas, o fato do adormecimento do mental e da Consciência, isso poderá viver-se muito mais facilmente.

É importante que as questões que vocês se poem, ou que vocês me puseram, tenham uma resposta.
Não, uma vez mais, para satisfazer um qualquer ego, mas antes para vos levar à lucidez, e à estupidez, de vocês mesmos.
Porque não há nada de mais estúpido do que qualquer coisa, ou uma consciência, que se crê conduzida no seio do limitado.

A consciência precisa de limites.
A Consciência mesmo dita Ilimitada, não separativa, da Realização, conhece o seu próprio limite pelo seu próprio desaparecimento e a sua própria inscrição no corpo.

O Absoluto vos desinscreve do corpo e vos inscreve numa realidade qualquer.
Vocês não são mais tributários de uma qualquer forma.
Vocês não são mais assimilados, e assimiláveis, a uma personalidade, ou a um Si.

O que há de melhor, para o representar, que o estado de adormecimento ou de sono?

O sono (que é representado, pelo ego, como a ignorância) é, para o Absoluto, a aproximação do verdadeiro Conhecimento, que põe fim à ignorância.

Estas palavras que eu emprego podem, no momento, se apresentarem sem sentido, sem lógica, mas elas imprimem, em vocês, a sua absoluta Verdade, e o Último.

Questão: Eu tenho sempre muitas questões em mim, hoje não me vem nenhuma e, no entanto, estou certo que sempre esperei este momento. É isto o medo? Pode-me ajudar?
Em quê terás tu necessidade de uma ajuda qualquer?
Não existe nenhum salvador e nenhuma ajuda.

O Absoluto pode aparecer (de qualquer maneira, reaparecer, já que nunca desapareceu) a partir do instante em que acabem todas as questões, toda atividade.

Se vocês forem capazes de parar o ego (se é que posso empregar esta expressão) durante dez segundos, o Absoluto estará aí.
O que subentende, evidentemente, que vocês nunca puderam parar o ego.
Vocês podem transformá-lo e viver o Si.
O Si que pode representar, de qualquer maneira, uma realização do ego, mas que, como disse no meu preâmbulo, não vos permitirá jamais serem o Absoluto.

No Abandono do si, ele mesmo, há o basculamento, há o Absoluto que vos encontra.

É preciso, portanto, passar do «eu sou», ou do Si, ao não «eu sou» e ao não Si.

Se não existem questões, é porque resta em ti a única questão: eu tenho medo?
A ausência de questão, certamente, no seio do ego e da personalidade, não é o fim do questionamento mas, bem mais, a dificuldade de se colocar a última questão, que é a do seu próprio desaparecimento, enquanto ego ou enquanto Si.
E isso se realiza sozinho, juntando a Crucificação e a Ressureição.

É preciso, aí também, aquiescer, da mesma maneira que, quando a forma chega ao fim, e isso é anunciado, vos faz passar por certas etapas.
É então, na última etapa, que é a aceitação, que há, realmente, capitulação e rendição do ego e do Si.
E é nesse momento que a Liberdade aparece, e que a Libertação reaparece.
Não há outra alternativa, não há outra possibilidade senão esta.

Realizar o Absoluto é, portanto, além de toda Realização, além de toda consciencialização.
É, portanto, transcender, do efêmero ao Eterno, da forma ao sem forma, do limitado ao Ilimitado.

Isto não é simplesmente uma revolução, não é somente uma transformação, não é, também, uma finalidade, mas o Último.

O Último não se revela senão quando todo o resto, tudo o que é conhecido, tudo o que vos é conhecido, enquanto experiência, mesmo enquanto conhecimento ou crença, se resolve em si mesmo, no que o ego chama o vazio.

Esta qualquer coisa não pode ser procurada, porque a partir do momento em que é procurada, ela foge.
Só pode ser encontrada na evidência de uma não procura, pondo fim à busca, absurda, do que É, além de toda projeção, de toda consciência, de todo o mundo, de toda história.

Há, para aquele que está consciente, a possibilidade de viver isso como um abismo, sem fim, o que foi denominado o momento em que a Onda da Vida vem pôr fim às dúvidas e aos medos, inscritos no que são denominados os chacras.

Mas não são vocês que o realizam, não são vocês que trabalham: é a Onda da Vida que trabalha, testemunha do Absoluto e marcador do Absoluto.

É a partir do instante em que vocês aceitam não mais controlar, não mais dirigir, que a Onda da Vida e o Absoluto tomam, de qualquer maneira, o controle, a direção, da Vida.
Vocês não podem fazer de outra maneira.
Vocês não podem pretender conhecer o que quer que seja disso.

Há, através disso, um convite a vivê-lo.
Este convite à transcendência é, muito exatamente, o que se produz em vocês.

É necessário banir do vosso vocabulário, como de toda ação, a culpabilidade, os limites, as condições e, claro, as questões.

E é aí que quero chegar, para ti: «felizes os simples de espírito», porque a ausência de questões conduz a isso.

Questão: Porque não tenho nenhuma questão a colocar?
Então, escuta o teu próprio silêncio e no espaço desse silêncio, onde não está nenhuma questão e nenhuma resposta, se estabelece a ressonância do que é denominado «de coração a coração», bem além da localização do teu coração e do meu coração, que é o coração enquanto Centro; espaço e tempo onde se estabelece a Verdade, além do ego e da personalidade, além do Si.

Espaço de Silêncio onde não existe nenhuma reivindicação e nenhuma justificação.

Nesse momento, pode chegar o que deve chegar.

Agora ou depois, na perspetiva temporal do ego, se inscreve, em todo coração e no meu Centro, o Silêncio, a ausência de questão e o abrasamento dos teus sentidos te conduzindo à tua essência e à tua natureza.

Silêncio.
A questão pode ser considerada como ausência de Silêncio.
Toda questão, como toda resposta, nas nossas entrevistas, que eu denominaria (se assim quiserem) entre ti e mim.
Porque não há nada entre, nenhuma distância, não há nada que permaneça.

As questões, como as respostas, mantêm um espaço.
Este espaço, nele mesmo, não é nada, mas ele é também Ondas que, além deste mundo, são um sinal.

O Silêncio é, de qualquer maneira, o sinal da resolução.
Ele é preparação, como o sono, a partir do instante em que ele não é preenchido por nada, nem desejo, nem projeção.
Então sim, ele é preparação, ele também.

Questão: Nós temos mesmo assim uma personalidade, por isso estamos sujeitos à doença, à tristeza. Nesse caso, podemos programar e reentrar no Absoluto, ou isso não é possível?
Quem está sujeito?
A pessoa.

Enquanto ele considera, desta maneira, a crença numa doença, quem está doente?
O Absoluto não conhece nada disso.

Enquanto a consciência dá crédito a uma qualquer perturbação da pessoa (denominada doença, alegria ou pena), vocês consideram portanto (e esta pessoa considera) que ela está inscrita numa linearidade.

Nada pode representar um obstáculo ao Absoluto, senão for ele mesmo.

Esta questão denota um comportamento, de natureza ilusória, de adesão aos seus próprios limites, aos seus próprios condicionamentos.

Como se pode aderir aos seus próprios condicionamentos, efetivamente, e conceber mesmo que o Absoluto possa existir?

As proposições desta questão denotam uma vontade de compreender o incompreensível, de se apropriar do Absoluto.
Isso não será, nunca, realizável.

Enquanto não houver rendição, enquanto o ego quiser compreender, enquanto o ego crer que está doente, que existe um nascimento, que existe uma morte, ele inscreve-se a si mesmo, de maneira formal e forte, nos seus próprios limites, nos seus próprios condicionamentos e na sua própria estupidez.
Não se pode considerar uma realidade qualquer no nascimento e na morte.
Não se pode considerar uma qualquer densidade na doença e no sofrimento, se isso não for colocar-se a si mesmo no seio dos seus próprios limites e reforçando-os, a eles mesmos, o mesmo é dizer, fechando a porta com duas voltas.
Não há nenhum lugar para o Absoluto nisso.
A prisão está fechada.

Crer que o que é efêmero, como uma pessoa (nas suas alegrias como nas suas penas, na doença como na morte), vai poder superar isso, é a estupidez total.
Só o ego é estúpido.

Querer resolver, querer sair da prisão permanecendo na prisão, é verdadeiramente ilógico.
Vocês não são nem essa prisão, nesse esse corpo, nem essa doença, nem esse nascimento, nem essa morte.
Enquanto vocês colocarem esta equação, vocês andam à volta e daí não saem jamais.

Vocês querem mesmo sair daí?
Aí está a questão.
Seguramente não.

O que quer que vocês digam, o que quer que vocês declamem, o que quer que vocês reivindiquem, vocês se inscrevem, através desta questão, no ego e na persistência do ego, o que é também ilusório já que o ego não tem nenhuma persistência.
Mas não é um paradoxo.

O Absoluto não é, em nenhum caso, uma reflexão, não é, em nenhum caso, uma compreensão, pelo ego ou pelo Si.
O Absoluto É.

Vocês não pode ter uma qualquer pretensão ao Absoluto porque ele É.

Mas enquanto vocês não calarem o ego (sem o contrariar, mas simplesmente recusando-o), vocês não estão na lógica da Vida, mas vocês estão na lógica da negação da Vida.

Vocês estão presentes no seio de uma ilusão chamada corpo, vocês estão presentes no seio de uma sucessão de vidas que vocês chamam reencarnação.
Vocês estão aí desde tempos imemoráveis.
Vocês alguma vez saíram disso?
Querem sair disso?

Reflitam: onde está a lógica?
Vocês querem apreender o Não-Apreensível.
Vocês querem apropriar-se daquilo que vocês São.
Isso é absurdo, totalmente absurdo.


Vocês dão peso e densidade ao vosso próprio efêmero ao reivindicar a Eternidade.
Isso não pode funcionar dessa maneira.

Que procuram vocês?
Não há nada a procurar.

O que prosseguem vocês?
Não há nada a prosseguir, nem a seguir.

Parem, parem-se, perguntem-se e soltem.
O milagre da vida está aí.
Independentemente de vocês e felizmente.
Além de toda história e de toda condição.

O ego representa um conjunto de reivindicações e quer colocar as suas condições.
O que é impossível.

Questão: Eu tenho um medo extremo da noção de vazio e a ideia de desaparecer me aterroriza. Como posso eu desembaraçar-me deste medo, porque ao mesmo tempo estou muito atraída pela noção de Absoluto, mas é ainda muito intelectual. Como me desfazer desta rejeição do que Sou verdadeiramente?
Não há nada a rejeitar.

Há uma incompreensão.
Recusar não é rejeitar nada, mas justamente tudo aceitar.

Há uma incompreensão intelectual e mental, total.

O ego joga ao não compreender, porque ele quer aproveitar-se desta noção de vazio.

Nada desaparece.
Há muito mais que aparece.
Apenas o ego crê nisso.

Este medo é secretado e tu dás poder a este medo.
Tu tens prazer, de qualquer maneira, no teu próprio jogo, reivindicando a sedução do Absoluto, mas entretendo, pela mesma, a tua negação do Absoluto.

Diz a ti mesma que tu desaparecerás um dia, quer tu o queiras quer não.
Tu és falível e tu és efêmera.

Se tu te colocas no ego, não pode aparecer senão o medo.

O ego, que se crê infalível e imortal, é falível e mortal.
E isto não é ridículo e patético?


Não há nada de permanente no que tu crês: não há senão o efêmero, não há senão o ilógico.
E tu gostarias de te apoiar nisso para ultrapassar qualquer coisa?
É estritamente impossível.

Morre para ti mesmo.
Considera o teu aspecto efêmero, aceita-o na totalidade.
Aceitar a condição efêmera do ego é a única forma de lá chegar.

A Unidade, para não falar do Absoluto e Último, não pode existir enquanto o ego joga esse gênero de jogo.

Porque tu não existes antes do teu nascimento e tu não existes depois da tua morte.
Como é que podes pensar que no seio disso tu podes considerar viver o Absoluto já que tu te inscreves a ti próprio no teu próprio desaparecimento e no teu próprio medo de desaparecer?
Agora que falei de aparecimento e não de desaparecimento.

O ego inverte e retorna tudo.
Aí está o seu problema.

Mas tu não podes lutar contra isso: tu não podes senão rir disso.
Isso quer dizer pôr uma distância e não uma rejeição, porque isso é e faz parte daquilo que tu vives.
Mas isso não é a vida.
Aceitar isso, é já rir de si e rir do seu ego.
Não lhe dar mais peso do que ele já tem, não lhe dar crédito e sobretudo não crer nele.

Sobretudo quando ele te afirma que tu vais encontrar ou que tu és atraído pelo Absoluto.
Não se pode ser atraído por aquilo que se É: Só o ego nos faz crer nisso.

Convém, portanto, mudar de olhar, mudar de estratégia e não crer em tudo o que te diz o teu ego, porque ele fará tudo o que está ao seu alcance (e ele sabe que tem todo o poder para o fazer) para te afastar daquilo que tu És.

Ele não te será de nenhum recurso, nem de nenhuma utilidade, para o Absoluto.

Tu não podes portanto considerar, de maneira nenhuma, encontrar uma qualquer solução enquanto permaneceres onde estás.

Não há senão tu para aceitar e acreditar na estupidez do teu ego, sem no entanto o rejeitar. Vê-lo, mostrá-lo, não é rejeitar.
Simplesmente o compreender, e talvez domá-lo e, sobretudo, não o restringir, porque ele irá repropor sempre o medo do Absoluto, considerado, por ele, como o vazio.

Questão: Por que ser Tudo e Nada é tão difícil e tão fácil ao mesmo tempo?
Se esse é o caso, realmente, na tua vivência, então não me ponhas, e não te ponhas, a questão. Porque se esta questão emerge, se isso é ao mesmo tempo simples e se isso não é somente uma afirmação mental, então não haveria esta questão.

Então esta questão não faz senão traduzir o jogo do teu próprio mental entre o Tudo e o Nada.

Tu podes falar do Absoluto até secar, tu poderias escrever uma enciclopédia, não é por isso que tu o viverias porque tu não podes prestar um testemunho mental do Absoluto.

Tu não podes senão descrever os efeitos, os sintomas, se preferires, que proporciona no seio dessa forma.

Todos os que viveram o Absoluto empregaram a mesma linguagem: a linguagem do Amor, da Liberdade, a linguagem da Onda da Vida.

Colocar a questão do Tudo e do Nada, que é tão simples e tão difícil, não é senão uma forma de aceitação ou de acepção mental de uma interrogação que permanece nesse nível.

Isso é simples, mas isso se torna extremamente complicado desde que o mental se envolva, porque ele se envolverá necessariamente nos seus próprios argumentos e não poderá jamais daí sair porque o Absoluto não é nenhum argumento, ele é apenas lógico e simples.

Ele é lógico e simples, o que te permite mesmo exprimir esse corpo, essa língua, essa boca.

Há alguma existência além do nascimento e da morte?
Reflete sobre isso.

Será que poderias colocar esta questão estando morto?
Que questão poderia emergir do sono ou da morte?

O Tudo e o Nada permanecem um conceito mental que são os dois extremos do teu próprio limite.
O Tudo não é o Absoluto, sem isso ele se chamaria o Tudo.

Tu assimilas, de forma perigosa, o Tudo e o Nada, no Absoluto, porque isso agrada ao teu mental que se proporciona, assim, um alibi e um pretexto de interrogação ao nível mental.
Mas enquanto permaneces neste limite do Tudo e do Nada, é como se permanecesses no limite do bem e do mal.

Esta equação é insolúvel no mundo da ação e da reação.
Tu não podes resolver esta equação no nível em que estás situado.
O bem e o mal, o Tudo e o Nada, podem ser exprimidos através de noções filosóficas, morais ou outras, mas elas permanecem no interior de um quadro.

A personalidade não pode conhecer senão a personalidade.
Ela pode descrever todo o funcionamento, todos os mecanismos, mas conhecer os mecanismos e o funcionamento não permitirá jamais escapar do mecanismo e do funcionamento.
Reflitam nisso.

O próprio título da tua questão reforça os teus próprios limites e os teus próprios freios.

Tu te colocas, da qualquer maneira e em definitivo, num limite que eu chamaria mental, inscrito nessa lógica de bem e mal, de Tudo e Nada.

Este mental espera controlar, reduzir, de qualquer maneira, o Absoluto, a sua própria medida.

Mas mais uma vez, não é o teu mental que vai encontrar o Absoluto, é o Absoluto que vai dissolver o teu mental, a partir do instante em que tu aceites capitular, o mesmo é dizer, perder a cabeça.

Aquele que tem medo da loucura não faz senão refletir a sua própria loucura.
Aquele que tem medo do vazio não faz senão refletir o seu próprio vazio.

É uma questão de projeção, ou se tu preferes, de fantasma, que não é real senão no seio da personalidade, que vem reforçar a personalidade.
E é o seu fim.
Reflitam nisso.

Questão: Acontece-me ainda ficar desestabilizada depois de ter sido espontânea ou na simplicidade, constatando que a pessoa não me compreendeu, ou compreendeu exatamente o inverso daquilo que eu pensava ter exprimido. Eu perco então todos os meus meios, sou cada vez menos clara nas minhas explicações, tomada pelo medo de passar por incredível. Eu continuo apesar de tudo a me deixar ir na espontaneidade e na simplicidade e, depois de algum tempo, a não me justificar no momento mas depois. Como encontrar o que há de errado na minha forma de ser espontânea?

Quem tem necessidade de ser justificado no exterior de si?
Quem quer ser compreendido tal como se exprimiu?

Tu és responsável pelo que tu exprimes, mas tu não és de forma nenhuma responsável pelo que é compreendido.

Enquanto tu associas uma importância ao que é compreendido, tu estás numa projeção e, portanto, dentro de uma necessidade de aprovação ou uma necessidade de recompensa.

O que é que em tu precisa de recompensa, de aprovação e de reconhecimento?
O que é que em ti está ferido pela ausência de reconhecimento, senão o ego?

O ego que tem necessidade de ser reconhecido como válido.
Mas será que um ego pode validar um outro ego, quer o tenha compreendido ou não?

Enquanto tu te mirares no olhar do outro, através de uma compreensão (o outro não é senão um ego como tu), nenhum ego te pode tranquilizar, ao teu como ao de um outro.

Esta equação não pode ser resolvida porque o ego estará sempre insatisfeito.
Aí também, ele te faz crer que tu podes chegar a uma perfeição.
É impossível.

E mesmo quando houver o sentimento de uma perfeição, esta perfeição não te fará, de forma nenhuma, sair do teu próprio ego.
Isso o reforçaria porque nesse momento ele teria reconhecimento, ele teira recompensa e ele teria afastamento do Absoluto.

Portanto, o como fazer para chegar a isso não é certamente um conselho que eu te poderia dar.

Mas bem, se eu te posso dar um conselho, é: não te agarres mais a isso.
Porque tu te fechas em ti mesma numa relação e esta relação é uma relação de distância.
Há, através do que tu colocas, a necessidade de reconhecimento, mas além disso, a necessidade de ser reconhecida, e ainda, além disso, a necessidade de empatia, que não será jamais a fusão do Absoluto, e ainda menos a União Mística.

Enquanto não tiveres rejeitado (e aí eu falo de rejeitar e não de recusar) este mecanismo de funcionamento, nem o Si, nem o Absoluto, poderão aparecer.

Ti consideras a perfeição no seio do conhecido.
Nenhum conhecido pode ser perfeito porque ele é efêmero.
E a perfeição não pode pertencer, de forma nenhuma, a um efêmero.
Ele pode dar um sentimento, o sentimento de qualquer coisa que foi perfeitamente realizada, como numa relação, como o fato de ser compreendido naquilo que foi exprimido.

Eu te repito: Tu és responsável pelo que tu exprimes, mas tu não és responsável pelo que foi compreendido.

Assim, tu crias, tu mesma, as próprias circunstâncias da tua própria ferida e em vez de fechar a ferida, tu a reabres a cada vez.

Eu garanto que o Absoluto não tem que fazer este jogo.
Mas enquanto tu jogas isso, através dessa necessidade de reconhecimento, dessa necessidade de ser reconhecida, tu te colocas incessantemente sob a esfera do ego, porque o Absoluto não tem necessidade de ser reconhecido.

Cabe a ti saber qual o jogo e qual a parte que tu queres jogar.
Mas tu não podes pretender estar nas duas partes.

Não pode existir nenhum Absoluto numa relação verbal, numa relação afetiva.
Pelo contrário, o que é Absoluto pode considerar estabelecer uma relação Absoluta, mas que não será mais uma comunicação, nem um afetivo.

Mas entre estas duas consciências se estabelecerá então, aí também, uma transcendência que se estabelece de coração a coração, de cabeça a cabeça, de bacia a bacia, de perna a perna, de corpo a corpo, até ao ponto em que o outro se torna si.

Isso não é mais uma relação, não é mais uma comunicação, isto é uma União Mística que não concorda com nenhum julgamento, com nenhuma necessidade de reconhecimento, ou de ser reconhecido e, sobretudo, com nenhuma necessidade de justificação.

É, portanto, urgente apreender que não há nada a provar no exterior de si.

Que toda a busca de provas ou de aquiescência não é (como já te disse) senão o reflexo dos teus próprios medos de seres tu mesma, independentemente do olhar do outro, independentemente da compreensão do outro.

Existe, portanto, uma forma de dependência do outro.
Porque tu esperas encontrar-te no olhar do outro, ou no consentimento do outro, o que é estritamente impossível e te afasta de ti mesma.

Não há, portanto, nada a querer resolver nesta questão que tu colocas.
Há apenas a ver claramente no que tu questionas, e, portanto, o que há a guardar, o ser Livre e considerar a Liberdade.

Nós não temos mais questões. Nós vos agradecemos.

Eu vos agradeço, portanto, pelos nossos “entre ti e mim”.
Certamente até muito breve, segundo a fórmula consagrada.


Mensagem de BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1408
08 de abril de 2012
(Publicado em 09 de abril de 2012)
Tradução para o português: Cristina Marques e António Teixeira
http://minhamestria.blogspot.com/

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